VERBOS IMPESSOAIS
Os verbos
impessoais são os seguintes:
a) Verbos
que denotam fenômenos da
natureza
Ex. Choveu ontem à tarde.
Geia sempre no Paraná.
Esses verbos, quanto à
predicação verbal, são
intransitivos, pois não possuem
complemento.
Caso haja na frase um sujeito
claro, mesmo sendo fenômeno da
natureza, obviamente o verbo não
mais será impessoal. O mesmo
acontece se o verbo for usado em
sentido figurado. Em ambos os
casos, o verbo concordará com o
sujeito.
Ex.: Choveram pedras enormes
durante a tempestade. (sujeito
simples = pedras enormes)
“Chovia uma chuvinha fina de
resignação” (sujeito simples =
uma chuvinha fina de resignação)
Choveram papeizinhos sobre os
soldados que desfilavam. (sujeito
simples = papeizinhos)
b)
Verbo fazer, indicando tempo
decorrido ou fenômeno da
natureza
Ex.: O Colégio Maxi existe faz
quatorze anos.
Ontem fez dez anos que ele
morreu.
Faz noites friíssimas nas serras
gaúchas.
O verbo fazer, quanto à
predicação, é transitivo direto.
O elemento que parece ser
sujeito, na verdade é objeto
direto.
Ex.: Faz noites friíssimas. (noites
friíssimas = objeto direto)
Em locução verbal, cujo verbo
principal seja fazer, indicando
tempo decorrido ou fenômeno da
natureza, o verbo auxiliar
também ficará na terceira pessoa
do singular.
Ex.: Deve fazer dez anos que ele
morreu.
c)
Verbo haver, significando
existir ou acontecer ou
indicando tempo decorrido.
Ex.: O Colégio Maxi existe há
quatorze anos.
Há problemas gravíssimos que não
conseguimos resolver.
O verbo haver, quanto à
predicação, é transitivo direto.
O elemento que parece ser
sujeito, na verdade é objeto
direto.
Ex.: Há problemas gravíssimos. (problemas
gravíssimos = objeto direto)
Em locução verbal, cujo verbo
principal seja haver,
significando existir ou
acontecer ou indicando tempo
decorrido, o verbo auxiliar
também ficará na terceira pessoa
do singular.
Ex.: Poderá haver soluções para
esses problemas?
Não se deve usar o verbo haver
na indicação de tempo decorrido
junto com o advérbio atrás. Ou
se usa um ou outro.
Ex.: Há quinze dias eu estive em
São Paulo.
Quinze dias atrás eu estive em
São Paulo.
É inadequado dizer:
Há quinze dias atrás eu estive
em São Paulo.
Com outros significados, o verbo
haver deverá concordar com o
sujeito.
Ex.: Eles hão de entender o caso.
d) com
a expressão passar de, indicando
horas
Ex.: Já passa das 10h.
e) com as
expressões chegar de e bastar de
no imperativo
Ex.: Basta de baderna, garotos.
Esse é o único caso de verbo no
imperativo com oração sem
sujeito; todos os outros têm
sujeito oculto.
f) com
o verbo ser, indicando horas,
datas e distâncias
Esse verbo, apesar de ser
impessoal, não ficará
obrigatoriamente na terceira
pessoa do singular.
Quando indicar horas, o verbo
concordará com o numeral a que
se refere:
Ex.: São duas horas da tarde.
É uma e cinquenta e dois.
Era meio-dia quando ela chegou.
Quando indicar distância, também
concordará com o numeral a que
se refere:
Ex.: São mais de quinhentos
quilômetros de Londrina a São
Paulo.
Quando indicar datas, tanto
poderá ficar no singular quanto
no plural, com exceção do
primeiro dia do mês; nesse caso,
o verbo ficará apenas no
singular:
É primeiro de novembro.
É dez de novembro. (= É dia dez
de novembro)
São dez de novembro. (= São dez
dias de novembro)
A primeira dificuldade, em
relação aos verbos ter, ver e
vir, é a acentuação. Como se
escrevem? Com um e só? Com dois
ee? Com acento agudo? Ou
circunflexo?
Os verbos ter e vir serão
escritos com um “e” só e com
acento circunflexo (^) quando o
elemento que tem algo ou que vem
a algum lugar ou de algum lugar
(o sujeito) estiver na terceira
pessoa do plural (eles, elas,
vocês…) do presente do
indicativo (Todos os dias…).
Teremos, então, frases como
“Todos os dias eles têm que
estudar”; “Elas vêm até aqui
para conversar”; “Vocês têm
coragem?”. Se o sujeito estiver
no singular, não haverá acento
algum: “Todos os dias ele tem de
estudar”; “Ela vem até aqui para
conversar”; “Você tem coragem?”.
Os derivados desses dois verbos
(manter, conter, deter, reter,
intervir, provir, convir…)
receberão acento agudo quando o
sujeito for a segunda pessoa do
singular (tu) ou a terceira
pessoa do singular (ele, ela,
você…) e receberão acento
circunflexo quando o sujeito
estiver na terceira pessoa do
plural (eles, elas, vocês…).
Teremos, então, frases como “O
deputado diz que mantém sua
palavra”; “Essas caixas provêm
dos Estados Unidos”; “Tu deténs
teus ímpetos?”. Já o verbo ver e
seus derivados serão escritos
com dois ee. Teremos, então,
frases como “Os meninos veem os
jogos da seleção sempre”;
“Alguns homens dizem que preveem
o futuro”. Se o sujeito estiver
no singular, esses verbos serão
escritos com um “e” só e com
acento circunflexo. Teremos,
então, frases como “O menino vê
os jogos da seleção sempre”;
“Aquele homem diz que prevê o
futuro”.
A segunda dificuldade, em
relação aos verbos ter, pôr, vir
e ver, é a conjugação deles em
certos tempos e modos. O certo é
“quando eu pôr” ou “quando eu
puser”? “Se eu vir ao colégio”
ou “Se eu vier ao colégio?”
O tempo verbal denominado
pretérito imperfeito do
subjuntivo indica hipótese,
condição, é iniciado pela
conjunção “se” ou pela conjunção
“caso”, é caracterizado pela
desinência “sse” e geralmente
acompanhado de outro verbo no
futuro do pretérito do
indicativo, tempo caracterizado
pela desinência “ria”: “Se eu
estudasse mais, conseguiria
melhores notas”; “Caso
estudássemos mais,
conseguiríamos melhores notas”.
Agora analisemos os verbos
apresentados como problemáticos
– ter, pôr, vir e ver: Ontem
eles tiveram, eles puseram, eles
vieram e eles viram = pretérito
perfeito do indicativo; Se ele
tiver, se ele puser, se ele vier,
se ele vir (“vir”, do verbo ver)
= futuro do subjuntivo; se ele
tivesse, se ele pusesse, se ele
viesse, se ele visse = pretérito
imperfeito do subjuntivo. O
mesmo acontece com os derivados
desses verbos: Se eu mantivesse,
se eu detivesse, se eu
propusesse, se eu compusesse, se
eu interviesse, se eu proviesse,
se eu previsse, se eu antevisse,
quando eu detiver, quando eu
retiver, quando eu intervier,
quando eu provier, quando eu
previr, quando eu antevir.
A terceira dificuldade, em
relação a ver e vir, também é
referente à conjugação, mas
agora o problema são palavras
semelhantes: vir, vimos…
“Vir” tanto
pode ser o infinitivo do verbo
vir quanto o futuro do
subjuntivo do verbo ver: “Se
você o vir (verbo ver), diga-lhe
para vir (verbo vir) até aqui. O
mesmo se sucede com todas as
pessoas: “Se vocês os virem,
digam-lhes para virem até aqui”.